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quarta-feira, 30 de março de 2011

Quem tem medo do ser humano?

Recentemente discuti, de maneira muito superficial, com uma colega de prática de yôga, coisas relativas às questões da natureza humana como civilidade, polidez e interesse pelo próximo. Naquele momento, devido às circunstâncias, não tivemos a chance de nos aprofundar no tema. Estávamos para começar a aula de swásthya yôga, então terminei a conversa fazendo uma adaptação de uma frase que li no livro de Mórmon há muito tempo atrás. Eu disse: “o ser humano está voltado para a prática do mal”. Ela riu e, eu conclui: “estava decretado que o homem não deveria comer do fruto proibido, no entanto ele comeu”. Daí rimos juntos.
Bem, citações cristãs e risos à parte, fiquei com o assunto martelando em minha “bigorna”, e ainda o está.
Não que eu queira fazer um referendo ou dar um veredicto desajustado e desmerecido, pois sei que se quisermos fazer o bem, somos completamente esmerados para assim o fazer, mas normalmente só o praticamos quando a necessidade se faz presente; quando há algum evento anormal ou existir algum aperto generalizado, uma hecatombe devido a fatores relacionados à natureza como deslizamentos, terremotos, tsunamis, etc. Nós não praticamos o bem gratuitamente, não agimos com educação porque queremos, mas apenas porque, dependendo da ocasião, fica feio parecer que estamos desprovidos desta. Só falamos obrigado quando somos favorecidos e apenas pedimos por favor quando precisamos.
O ser humano é, unipresentemente, voltado apenas para si e mesmo quando exercitada a bondade ele está mega interessado em como irá se sentir e não em como o outro foi ou não proporcionado.
Vejo moradores de rua constantemente fazendo filas para a sopa, o lanche, o café, a roupa que foi doada. Fico pensando na satisfação daqueles organizadores dessas entregas; em como devem sentir-se bem por ajudar ao próximo, mas não me escapa a observação da extensão daquela ajuda; fico me perguntando até onde aquelas pessoas realmente se sentem ajudadas. Não. Eu não desmereço esse tipo de ajuda, mas, é que o problema não se resolve com o assistencialismo. Quem doou e se mobilizou vai fechar as portas, ligar o carro e dar a partida e quem recebeu continuará na rua, na miséria e sem nenhuma perspectiva, aliás, percebo que alguns desses moradores já não querem nenhuma outra realidade por acharem mais fácil receber as refeições em delivery, roupas e cobertores para se agasalharem em quantidade satisfatória e um panhado de moedas mendigados para a comprar da famosa cachaça amiga de todas as horas e assim se sentirem que ainda possuem dignidade.
Está sendo tirada a oportunidade e o incentivo necessário de capacitação e qualificação  para a obtenção de uma vida, um emprego, um lar. Construção e geração de alternativa, essa sim seria a bondade genuína a ser ofertada para esse caso.
Tenho medo do ser humano porque agimos de boa fé apenas por conveniência e não por altruísmo. Um exemplo disso?! Dia desses esqueci o meu celular embaixo de um aparelho na academia quando malhava. O celular foi encontrado por alguém, mas não foi restituído ao verdadeiro dono. Quem o pegou não fez questão de devolver à recepção para que esse pudesse ser guardado e devolvido, o que, convenhamos, seria um esforço muito pequeno. Fica a questão: se não agimos corretamente em pequenas situações ou assuntos, como podemos agir corretamente quando nos deparamos com as grandes?
Sim, tenho medo, mas muito medo mesmo do ser humano. Quando há boa intenção esse espera que o bem lhe seja novamente restituído. O ser humano não gosta de perder. O ser humano quer sempre ganhar. É o tal do ter que se dar bem para estar bem sempre.
Estou à procura das exceções para parar com esse medo absurdo!
#kerosocorro

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