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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Kit do MEC anti-homofobia

O tão desgastado e muito mal discutido kit anti-homofobia, apelidado pejorativamente de kit gay, rende muito desconforto por todas as partes: público alvo, público não alvo, ferramentas de divulgação, profissionais, políticos e a própria sociedade. Por "todas as partes", lê-se: Jovens estudantes (principalmente os de escolas públicas), evangélicos, corpo pedagógico (coordenadores, diretores e professores), psicólogos, senadores, deputados e presidentes (inclusive a presidenta nacional), hipocrisia e conservadorismo de leigos e ignorantes (em sua maior parte).
Vamos ao caso?
O MEC elaborou uma série de materiais, em sua maior parte vídeos, com conteúdo homoafetivo onde histórias de pessoas (jovens) Lésbica, Gay, Bi, Trans e todas as suas complexidades são abordadas, para serem divulgados em escolas do sistema publico de ensino. Dessa forma, o MEC pretendia atingir a base da massas para a construção de um presente menos violento e mais tolerante ao cidadão(ã) LGBT e um futuro inclusivo, respeitoso e igualitário para todos.
O problema se deu pela resistência da sociedade em permitir que seus filhos vissem duas pessoas do mesmo sexo demonstrando afeto, carinho, beijando-se e abraçando-se em um ambiente validado e aceito como instituição de formação acadêmica (e tão somente) como são as escolas hoje; ainda mais; insistiam na convicção de que estavam obrigando os alunos  a aceitarem "valores' diferentes aos seus e que não são compartilhados pelos familiares.
Depois vieram as grandes mídias trazendo o assunto em debate, dizendo se valer da opinião de ambas as partes, gays e não gays, evangélicos e não evangélicos, profissionais da área de educação, e claro, abordagens de psicólogos para dar maior credibilidade aos fatos apresentados.
O curioso é que todas as partes, inclusive a de um casal homoafetivo, onde um deles declarou-se vítima de bullying quando era aluno da rede pública, concordaram em dizer que a escola não seria o lugar apropriado para tratar de assuntos tão delicados e belicosos. Afirmaram que o seio da família seria o melhor lugar para debater tais questões, já que somente no ambiente familiar o assunto seria explanado em seu próprio tempo, pois as características de famílias e tempo de amadurecimento muda de uma para outra.
O problema aí é que o tabu jamais se desmistificará, pois como sabemos as famílias sentem desconforto em falar de sexo entre os seus membros, portanto cabe a reflexão de que, se é difícil conversar sobre relacionamentos heterossexuais, como falar de assuntos ainda mais complicados como os relacionamentos homossexuais. E mais, se a homossexualidade não está presente em todas as famílias, logo, essas também não cogitariam, de maneira alguma, uma abordagem sobre o tema e com isso nos manteremos na estaca zero  no quesito: vamos nos conscientizar quanto a pluralidade daquilo que somos, SERES HUMANOS!
Após o cancelamento da distribuição desse material, em nível nacional, surge agora rumores de que o tribunal de contas irá investigar se houve desperdício de dinheiro público com esse kit.
Estou atônito com todo o trâmite envolvendo esse assunto. Acho que o material elaborado pelo MEC, embora, em minha opinião, tenha sido mal elaborado, não pelo conteúdo, mas pela inconsistência em se tratar de material fictício quando melhor seria se fossem abordagens de histórias verídicas; de pessoas palpáveis e comuns a qualquer uma outra que estivesse assistindo; teve a válida intenção em dar um ponta pé importante no combate a homofobia e crimes realizados em função do ódio ao homossexual.
Creio, piamente, que as escolas são, sim, lugares de discussões comportamentais, sexuais e tabus (por que não?). Já que na escola aprendemos lições de cidadania e humanidade.
As famílias desenvolvem o papel de maior e melhor educador e as escolas possuem o dever de complementar esses ensinamentos ou provê-los quando há inexistência, portanto, deixemos o descabimento tão miserávelmente desmedido de cabeças retrógradas e tacanhas e passemos a encarar a vida real como ela é: hetero, homo, bi, trans, pans, afinal, todos somos BEM diferentes!
#kerobaternessepovo

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